Dia 2 - parte V






Eu preciso fazer uma observação...o meu traseiro ainda está dolorido (da nossa viagem no caminhão). É exatamente como a dor de quando você anda de cavalo. No bueno.
Mudando de assunto...vamos falar sobre o meu dia!
Eu não consigo apagar os sorrisos dessas crianças da minha mente. Tão verdadeiro..tão genuíno. Estou tirando trocentas fotos mas nenhuma faz justiça.Por que não sorrimos tanto assim no nosso dia-á-dia? Tipo..a gente ri quando alguém conta uma piada mas é só isso também. Sei lá...é estranho...eles não têm nada mas são mais felizes do que nós (que temos tudo). Opostos.
Por onde eu ando eu vejo crianças usando roupas doadas. Você consegue ver. Alguns sapatos são maiores do que seus pés, vestidos menores do que seus corpinhos...vejo meninos correndo com sapatos sociais, vejo calças que precisam de cinto para ficar no lugar...
Aí eu fico pensando nas roupas que eu tenho. Acho que o meu guarda-roupa poderia vestir uma vila inteira. Pense. Quantos pares de sapatos você tem (incluindo chinelos)? Eu tenho muitos. Cinco sapatos poderiam ser calçados por cinco pessoas diferentes aqui. Eu sozinha tenho mais que cinco pares de sapato.
Eu não estou dizendo isso para você se sentir culpado...mas eu quero que você entenda a realidade: se você está lendo esse blog você faz parte da população mais rica do mundo (seja sua situação financeira qual for – você está melhor do que 75% do mundo).
Por exemplo..hoje eu tive que usar a casinha lá fora. Se você pudesse ver a casinha. Você começaria a considerar banheiros públicos o paraíso. Você iria se dar conta que a descarga é a maior invenção da humanidade.
O banheiro que fica na casa hospitalar é considerado primeira classe. Primeira classe. Mas se eu fosse medir com os meus padrões...é o pior banheiro que eu já vi na minha vida. Opostos.
Como eu já disse…não podemos dar descarga sempre (não temos água o suficiênte). Então temos que deixar acumular a urina de todo mundo. Quando acabamos de fazer o que temos que fazer jogamos um pouco de água (que pegamos do balde que usamos parar tomar banho) para diluir a urina (minimizando o cheiro). Não..não é o fim do mundo. Para falar a verdade eu já meio que acostumei. Não tem problema. Aqui você se dá conta que há coisas mais importantes que banheiros: pessoas.
Bom…deixa eu continuar no assunto de higiêne pessoal. Hoje eu tomei o meu primeiro banho aqui. Importante, hehe. Esse foi o processo da coisa: pela manhã eu enchi a sacola (solar bag) com água. Em seguida coloquei a sacola cheia de água para aquecer no sol. As três horas da tarde eu peguei a bolsa de água (obrigado pelo sol, Jesus) e fui pindurar a mesma no banheiro (você tem que pindurar a bolsa numa altura mais alta que você – para a água escorrer pela mangueira que é conectada à bolsa; por consequencia do meu pequeno tamanho tive que abaixar o banho todo para o sistema funcionar). Bom…aí eu fui tirar o sabão pela primeira vez. No cair da primeira gota percebi que o sistema tinha super-funcionado: a água estava queimando de quente. Coloquei a bolsa de água no chão e comecei a colocar um pouco da água fria que estava num balde. Lá fui eu pindurar a bolsa denovo…mas nem..a água ainda estava quente demais. Repeti o processo algumas vezes. Eu sei o que você está pensando: “Por que você não experimentou a água antes de pindurar, portuguesa?”
Simples…para eu fazer isso teria que segurar a bolsa com uma mão e abrir a torneira com a outra. A bolsa já tinha 5 galões de água..só se eu fosse o Huck para fazer isso. Por que não deixei a torneira ligada? Não se esqueçam..a água que estava naquela bolsa era a única que eu tinha para não precisar tomar um banho com água congelante. Cada gota era preciososa.
E tem mais..cada vez que eu colocava mais água fria, mais pesada a bolsa ficava. Cheguei a derramar um pouco da água quente..mas não tanto. Se a água ficasse “fria demais” não tinha mais volta.
No final das contas...consegui. Acabei com tanta água na bolsa que deu para a Erin tomar banho depois.
E deixa eu acrescentar...lembrem-se..essas bolsas de água são para turistas. O pessoal local não tem esse luxo. Banho quente no inverno? Nem. Aqui não tem energia o suficiênte para aquecer tanta água.
Não é doido como mesmo tão diferentes..vivemos no mesmo mundo?

1 comment:

Anonymous said...

Querida amiga,
Sua vida me impressiona e me constrange! Seu coração... sua humildade e essas experiências (vc só as vive pq disse o 'sim' para o Senhor)!
Eu chego até a ficar triste em olhar à minha volta e ver que temos tudo e ao mesmo tempo... nada temos. Nada temos pq não reconhecemos Deus em nada. Não somos humildes... mto pelo contrário: quanto mais temos, mais queremos. AFf. Triste isso.
Preciso ir em uma dessas suas viagens missionárias à Dominican Republic. Acho que eu não ia querer voltar tb. Receber ou dar um abraço em uma dessas crianças deve ser a melhor sensação, um prazer...abraçar uma delas com o abraço de Jesus!
Te amo amiga de longe!
E não deixe de continuar fazendo esses posts aqui no Blog, pq NU, eles super me abençoam!

Beeeeeeeeeeeeeeeejos da sua amiga mineira!