Sexto Dia - Part 2






4 de Outubro, 2007


Mas ao chegar....
Nunca imaginávamos que iamos nos deparar com a situação que deparamos....

Eis a história..
A clínica já estava fechada, os médicos estavam se preparando para ir jogar baseball. De repente uma caminhonente para, e uma menina com uma perna ensanguentada é carregada para fora.
Cancelaiton
(obs. recomendo aqueles que tem estômago fraco a pular os parágrafos seguintes...)
O doutor John é chamado as pressas....as duas residêntes que estavam no alojamento também acompanham...

Todos correm para a sala de jantar, onde a menina foi posta. Já que a clínica estava fechada, a mesa de jantar era a única opção...

O que aconteceu?
Darisa, uma menina de 10 anos, caiu num fação, totalmente cortando seu tendão de Aquiles (o tendão que fica no tornozelo). Um vizinho ouvir falar que ‘los americanos’ estavam em Las Cucaritas, então um conhecido trouxe a família.

Falam que ela gritava muito de dor...

Quando chegamos, eu e o residente Jesse corremos para a sala de jantar. Ele já colocou uma luva e começou a ajudar na operação. Eu fiquei traduzindo para a menina (que ficou acordada a operação toda). A anestesia foi local...ela já não sentia mais dor nenhuma.

Mas...
Os médicos ali não eram cirurgiões..nunca tinham feito nada igual. Não tínhamos equipamentos médicos para realizar uma cirurgia daquela. Não tínhamos eletricidade. Não tínhamos luvas esterelizadas. Nada.

Foi um desafio atrás do outro...
Os médicos usavam aquelas lâmpadas de cabeça...(estilo escavador). Algumas enfermeiras ajudavam segurando lanternas.
Foi colocado uma bacia em baixo do pé dela...para o sangue que escorria. A Darisa deitou de bruço na mesa, e lá ficou por 3 horas. Uma das enfermeiras colocou seu IPOD na menina, uma idéia perfeita.

Primeiro, os médicos procuraram a parte superior do tendão, que não estava a vista. Depois que o dr. John achou, começou o trabalho de costurar o tendão. Após um tempo, conseguimos! Estava costurado!
Pedimos para a menina tentar mecher os dedos do pé..
Ela conseguiu! Mas...
Assim que ela mecheu os dedos, o tendão rompeu denovo. A linhã não era forte o suficiênte.

Começa-se o trabalho tudo de novo.
Enquanto o dr. John vai tentar achar linha mais forte, eu fico segurando a lanterna para os residêntes. Nunca vi uma operação desse nível de tão perto.

O dr. John volta com a linha...e lá vai ele costurar denovo.
Após vários pontos, pronto. Estava feito. Mas infelizmente não podíamos testar. Se a Darisa tentasse mecher os dedinhos do pé, podia romper tudo denovo. A nossa linha mais forte não era forte o suficiênte.

Os residêntes terminaram o trabalho de costurar. Mas o trabalho mais difícil foi depois.
Tínhamos que engessar a Darisa de um jeito que ela não poderia nem mecher os dedinhos do pé. Principalmente mecher o pé inteiro.

Imaginem a posição que ela ficou engessada:
Seu joelho ficou flexicionado 90° e seu pé ficou totalmente flexionado para baixo.
Não imagino posição pior para se ficar. Mas , infelizmente, era a única opção. A equipe cirúrgica só viria em Novembro, e não havia outra opção. Ela teria que ficar desse jeito um mês.

Eu instrui os pais da importância dela não molhar o gesso..não andar muito...de não tentar mecher o pé. Mas eu falei que a cirurgia foi um sucesso, e que ela iria andar denovo.

Foi uma tarde incrível...
Ver a força dessa criança....que aguentou toda operação sem falar nada. Se fosse em qualquer país desenvolvido, isso nunca aconteceria. A anestesia geral ia ser uma necessidade...

E ainda ver o cuidado de Deus..
Se a Darisa tivesse sofrido esse acidente um dia depois..já era. Não iríamos mais estar lá. O que aconteceria?
Ela seria levada para alguma cidade (no mínimo 3 horas de viagem) e o pessoal provavelmente só costuraria o machucado..o tendão ficaria desligado.
Essa criança nunca iria andar denovo...


Obrigada Deus, por nos usar para fazer a Sua obra!

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