Sétimo Dia- O Final






5 de Outubro

Está chegando a hora de ir....

Tomamos um café caprichado. Afinal....sabe-se lá Deus quanto tempo íamos ter que andar.
Estávamos quase dando início a longa e exaustiva caminhada (umas 5 horas?) na lama, quando....que barulho é esse?

Eis que vimos o paraíso! Uma caminhonete conseguiu passar pela lamaceira!
Aleluias!
Louvado seja o Senhor amado!
Subimos depressa...
Éramos tanto que parecíamos sardinhas enlatadas naquela caçamba. Hoje eu me simpatizo com as sardinhas.
Uma equipe foi a pé. Alguns realmente faziam questão de andar.
Espero, quando eu voltar o ano que vem, fazer questão de andar. A paisagem é maravilhosa. E que exercício físico não deve ser. Vou poder perder as calorias acumuladas o ano todo. Se não fosse o medo de ter um ataque cardíaco no meio da andança eu bem que ia.

Preciso voltar no tempo e falar sobre a despedida..
A saudade das crianças foi batendo..meu coração estava apertadinho. A cada momento que passava, a realidade futura se tornava presente....
Se eu fosse casada levava umas crianças embora comigo. ..

Será que eu veria elas denovo? Seus sorrisos? Seus abraços?
As lágrimas escorriam enquanto segurava os pequeninos no colo.

De repente, algumas meninas correm na minha direção com um papel.
“ Rafaela....una carta!!!”

A Ariela fez uma cartinha para mim..outras crianças fizeram outras cartinhas para alguns nos meus colegas missionários.

Conter as lágrimas foi muito difícil.
Estou adicionando a carta para vocês. No último parágrafo ela diz:

“...pienzo que uste estara triste pero nosotro tambien estaremos triste para toda la vida Adios Rafaela...”

O papel era daqueles de fichário. A caneta era azul. A carta estava um pouco amassada. A gramática deixava a desejar..

Mas foi a carta mais linda que eu já recebi na vida.
Coloquei no meio do meu passaporte....
Tem como esquecer essas crianças?


Resumindo os acontecimentos

Segurando com toda a força para não cair no penhasco, conseguimos chegar ao final.
Fomos para a praia, onde mergulhei com toda a força naquela água. Oww delícia.

Dali pegamos o ônibus, que nos levou para Santo Domingo.
No dia seguinte, lá estava eu em Orlando, Fl.

E foi assim que terminou mais uma viagem para a República Dominicana.

OBS. Preciso contar isso. Na descida dividimos a caminhonete com um convidado especial. A nossa cozinheira, que também ia para Santo Domingo, estava levando a sua janta numa sacolhinha de plástico: uma galinha, viva. A coitada, toda molhada, não soltou um pio a viagem inteira. Acho que estava meditando sobre os seus últimos momentos de vida.
OBSS: Ao chegar em casa, corri para o banheiro e fui tomar banho. Banho de água quente, sem bactérias e posso ficar o tempo que quizer? O paraíso.


1 comment:

Anonymous said...

Oi Rafaela

Meu nome é Flavia e conheço tua ma~e apenas por e-mail.Tenho acompanhado a tua missão através dela.
Quero te dizer o quanto eu admiro a tua força e disposição em ajudar o próximo.Parabéns pessoas como tu fazem a diferença no mundo.
Um beijo
Flavia